Um artigo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, elaborado por psicólogos da Cornell University, em Nova York, afirma que as pessoas geralmente são mais felizes "comprando" experiências agradáveis do que consumindo bens materiais. Isso se deve primariamente à unicidade da experiência vivida pelo indivíduo, o que torna mais difícil compará-la com as experiências dos pares.
"Imagine que você compra uma TV de tela plana, e está feliz com ela. Mas aí você vem à minha casa e eu tenho uma TV com uma imagem maior e melhor. Isso vai decepcionar e chatear você", explicou Thomas Gilovich, um dos autores do estudo. "Mas se você for de férias para o Caribe e eu também, você tem as suas memórias - sua conexão única com o Caribe - que ninguém mais tem e que fez as suas férias especiais", afirma.
Apesar das duas formas de usar o dinheiro impliquem em diferentes graus de comparação, penso que talvez a comparação que acontece entre bens materiais seja praticamente intrínseca a este ato, tão determinante quanto a suposta necessidade de obter tal bem para este ou aquele propósito. Comprar seria também uma tentativa, mais ou menos clara ao indivíduo, de se manter num status relativamente confortável num meio social onde as aquisições materiais, profissionais e outras são avaliadas como indicadores de sucesso e valorização da pessoa como um todo (se é que podemos falar em todo), pois tal sucesso decorreria de características de personalidade "bem expressadas" no meio. Enfim, uma meritocracia, que tanto empodera o indivíduo para realizar-se plenamente, como pode esmagá-lo ao atribuir somente a ele seu próprio fracasso. A "rat-race".